Apesar da crise atual, a metodologia do microcrédito praticado pelas OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) resulta em uma inadimplência muito menor que os bancos tradicionais. Isso porque, o microcrédito conta com a orientação de um profissional, o Agente de Crédito e o valor empréstimo para os microempreendedores é calculado conforme a demanda do negócio.
O Agente de Crédito está envolvido em todo o processo de liberação e recebimento do crédito. Diferentemente das práticas bancárias tradicionais, o Agente de Crédito vai até o cliente e não o contrário. Assim, estabelece-se uma relação que deve pautar-se em uma série de contatos pessoais e na aplicação de vários instrumentos de conhecimento e análise da atividade econômica que está sendo fomentada. A postura do Agente de Crédito, suas atitudes, linguagem e abordagem devem levar aos pequenos empreendedores as informações e orientações essenciais para o êxito do negócio.
O trabalho do Agente de Crédito, resumidamente, começa com uma entrevista com o pretendente ao microcrédito, no local do empreendimento, muitas vezes sua própria moradia. No diálogo com o cliente, o Agente faz o diagnóstico da situação financeira e dos aspectos gerenciais do negócio, dimensionando a viabilidade do crédito a ser concedido.
Além de ser orientado, o microcrédito também é adequado ao ciclo do negócio. Embora sejam grandes as diferenças entre os tomadores, algumas características são comuns às operações de microcrédito, quais sejam:
Essas características criam uma espécie de “círculo virtuoso” onde o tomador é incentivado a pagar em dia, já que esse é um indicativo importante para o recebimento de novo crédito, que pode ser de valor maior.
O fato de o tomador de microcrédito vivenciar a obtenção, a administração e a liquidação de diversos créditos aumentam a confiança e a motivação em relação à possibilidade de crescimento do seu negócio e o grau de informação e de organização do seu pequeno empreendimento. Além disso, a instituição de microcrédito ganha sustentabilidade e escala nas operações.
Outro diferencial relevante é que os bancos tradicionais se baseiam no score de crédito para análise do financiamento, o que o inviabiliza esse empréstimo para muitos microempreendedores. Por outro lado, as OSCIPs não necessariamente se utilizam dessa análise devido a proximidade com o cliente, a visita ao negócio, a entrevista e a análise do empreendimento. Em contraponto, o custo operacional de uma instituição sustentável é alto, conforme explicou o consultor técnico da Abcred, Pedro Ananias “Esse modelo de microcrédito, embora dê um resultado melhor, tem um custo operacional alto que faz com que as OSCIPs façam uma gestão muito eficiente da sua carteira como forma de sustentabilidade, ou seja, há um benefício grande ao cliente, com mais acesso ao empréstimo e chance de um negócio de sucesso, mas também gera um custo que dificulta a sustentabilidade das instituições que só tem um produto, diferentemente dos bancos convencionais.”
Outro grande fator importante e diverso entre as instituições operadoras de microcrédito e bancos tradicionais, é a ação econômica com o forte impacto social. Ao permitir o acesso continuado ao crédito para negócios com capital próprio mínimo, fortalece-se o empreendimento e aumenta-se a renda das famílias.
O microcrédito vem apoiando modelos alternativos de geração de ocupação e renda para o segmento mais pobre da população, firmando-se como elemento importante de estratégias destinadas a enfrentar a pobreza e a exclusão social.